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Nossas atitudes
Roda de Conversa
Em 29/11/2019
Roda de Conversa:
Meu Lugar de Fala Descoloniza o Conhecimento
O projeto Roda
de Conversa: Meu Lugar de Fala Descoloniza o Conhecimento,
nasce em prol do fortalecimento do debate sobre o Dia da Consciência
Negra, comemorado no dia 20 de novembro.
Este projeto desenvolve-se a
partir da leitura de trechos dos livros:
-Lugar
de Fala, de Djamila Ribeiro – capítulo:
Todo mundo tem lugar de fala.
-Memórias
da Plantação, Grada Kilomba – capítulo: A Máscara.
-
O Genocídio do Negro Brasileiro, de Abdias Nascimento- capítulos:
-
IV. O mito do “africano livre”
-V.
Branqueamento da raça: uma estratégia de genocídio
-
VI. Discussão sobre raça: Proibida
O objetivo do projeto é abordar
as simbologias e veracidades da história do Negro, outrora contada
com eufemismos nos livros didáticos, que alivia a dor, o sofrimento
e as profundas marcas psíquicas dos pretos e pretas vítimas da
agressiva violência no período da escravização. Apesar do Brasil
ter assinado a abolição em 1888, a condição do Negro não
adquiriu melhorias sociais, econômicas, de saúde, educação. O
preconceito em relação aos Negros também não foi mitigado com a
sua liberdade, uma liberdade de dependências que configuram mais um
aprisionamento servil que propriamente a liberdade em si. Esse
preconceito veio se configurando e revela-se, ao londo dos séculos e
décadas, de diversas maneiras. Tornou-se estrutural na sociedade
brasileira, reverberando um racismo sob três faces: individual,
institucional e estrutural nas relações de convivência entre
brancos e negros. Nasce o Dia da Consciência Negra para tornar, não
só o Brasil, mas o mundo menos arraigado desse racismo que
caracteriza a causa de muitas patologias dentro das sociedades. Fora dos debates acadêmicos por
muito tempo, atualmente os pretos e pretas deixam a condição de
objetos de estudo e tornam-se donos e donas de suas falas, trazendo
um outro olhar sobre a história, antes contada somente sob o olhar
epistemológico do eurocentrismo. Esse projeto traz a história
narrada por pretos e pretas, os donos e as donas de suas falas, e a
partir de suas falas e da história contada com veracidade,
levantamos o debate sobre a condição do Negro no passado e na
contemporaneidade através de uma roda de conversa com alunos, alunas
com o auxílio de professoras / professores de história das escolas
participantes.
O capítulo “A Máscara”, do
livro de Grada Kilomba, aborda o uso das máscaras de ferro colocada
nos escravos e escravas. A autora diz que a máscara tinha como
principal função “implementar um senso de mudez e de medo, visto
que a boca era um lugar de silenciamento e de tortura.!”. Apoiado
no contexto trazido por Grada Kilomba, a Roda
de Conversa: Meu Lugar de Fala Descoloniza o Conhecimento, pretende,
ao final do debate, gravar a resposta dos participantes (essa
participação não é obrigatória), que devem se expressar respondendo a seguinte pergunta: Se você pudesse falar
pelos escravos e escravas que tiveram suas vozes silenciadas, o que
você diriam aos senhores do colonialismo?
A
liberdade de expressão dada aos negros no Brasil, faz fortalecer,
cada vez mais, seus lugares de fala e com isso, vem sendo ecoados
com maior amplitude. Pretendemos ouvir as vozes dos estudantes,
comunidades, sociedade, sobre o que pensam e o que diriam por seus
antecedentes que tiveram suas bocas sufocadas, suas vozes
silenciadas. E assim, construímos, junto a esses participantes,
repostas descolonizadas, alicerçadas em suas experiências, sob o
olhar de quem é vítima do racismo, de quem não é adepto do
preconceito racial, de quem é antirracista.
AUTORA
DO PROJETO:
Maíra Bahia, idealizadora do Atitude Social Já- Plataforma de
Visibilidade Social.